tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos.certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.era de difícil manejo – mas funcionava.
Cito dois poemas dele, para mostrar o potencial positivo das coisas/palavras más:
“o início”
(retirado de http://www.kazukuta.com/ondjaki/espanador_de_tristezas.html)
segui a lesma. a baba dela parecia um rio de infância perdido no tempo. escorreguei no tempo.nesse rio havia um jacaré. a fileira enorme de dentes lembrou-me uma pequena aldeia cheia de cubatas [talvez a aldeia de ynari];adormeci na aldeia.ouvi um barulho – era a lesma a sorrir.o sorriso fez-me lembrar um velho muito velho que escrevia poemas. os poemas eram restos de lixo que ele coleccionava no quarto ou no coração das mãos.abracei o velho. quase que eu esborrachava a lesma.
(retirado de http://sosleitoresmurca.blogspot.com/2010/02/receita-para-que-nao-murchem-nem-se.html)O Obsceno, A Obscenaera que: obsceno, ou obscena, eram palavras bonitas.adoro apreciar um corpo pela obscenidade - fica bonitoaté excitar a comoção.já vi uma boca obscena que era um poema vivo.uma mão obscena já me desconcentrou a existência.línguas obscenas trazem paz ao caos de um orgasmo.mais até:uma vez, uma nuvem obscena fez o arco-íris corar.o céu ficou lindo.
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